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quinta-feira, 10 de junho de 2010

Morte!


Coincidência ou não, hoje acordei com uma noticia desagradável! Minha amiga me ligou avisando da morte de sua tia, a qual convivi por algum tempo e até cheguei a "trabalhar" em sua loja de peixes ornamentais. Lamentável, mas é o fim de todo ser vivo! Que ela descanse em paz!

Meu estudo monográfico tem como tema A Percepção do Acadêmico de Enfermagem Diante do Processo de Morrer e da Morte. De acordo com minha revisão bibliográfica, percebi que variados conceitos de morte existem, mas a maioria quando comparada tem em comum o fato de tratá-la como a parada das funções vitais e separação do corpo e da alma, deixando em evidencia a influencia religiosa quando se fala sobre "alma e corpo". Nos séculos passados, considerava-se como diagnóstico de morte simplesmente a cessação da respiração e dos batimentos cardíacos. Atualmente, o critério comumente utilizado é uma avaliação a função cerebral, pois com os avanços tecnológicos, se tornou possível manter as funções cardíacas e respiratórias através de aparelhos como o respirador mecânico, enquanto nada pode ser feito para manter as funções cerebrais responsivas.

Uma autora que eu gosto bastante, Kubler-Ross, relata em seu livro "Sobre a Morte e o Morrer" que a morte nunca é possível quando se trata da visão pessoal. O nosso inconsciente não consegue imaginar um fim real para nossas vidas, e quando se pensa neste fim, sempre será causada por algum acontecimento medonho, uma intervenção assombrosa, algo desastroso.

Quanto mais avançamos na ciência, mais parece que tememos a morte e há muitas razões para se fugir de encará-la com tranquilidade, pois, neste século, morrer se torna um ato solitário e impessoal. Diferente do que acontecia antigamente, é raro as pessoas morrerem em casa, com a presença da família, um ambiente aconchegante, mas, com muita frequência as pessoas sõo removidas de seus lares , como foi o caso da tia da minha amiga A , foi levada a um leito de UTI em coma induzido, e veio a falecer, sozinha, sem a presença de familiares, sem dizer suas últimas palavras, passando seus últimos minutos em uma cama de hospital.

Nenhum de nós parece estar psicologicamente apto a lidar com o pensamento de nosso estado de morte, com a idéia de uma inconsciência permanente em que não existe nada mais.

A maioria dos enfermeiros, mesmo estando diante da morte diariamente, presenciando a dor e o sofrimento de seus clientes, tem dificuldade de lidar e definir seu papel diante de uma pessoa que vivencia o processo de morrer...aqueles últimos instantes onde o cuidado paliativo é primordial para a humanização da assistência. As escolas de enfermagem devem preparar os futuros profissionais para que, além de serem competentes tecnicamente, sejam capazes de lidar com seus próprios sentimentos e usá-los de modo deliberado e humanamente sofisticado. Para Kubler-Ross, e mtos outros autores, incluindo-me neste meio, a morte é o estágio final do crescimento humano.

A partir do momento em que as pessoas se descobrem finitas, passam a compreender melhor a finitude do outro, ou seja, é preciso ter consciência de seu estágio final para que seja capaz de prestar assistência de qualidade aos pacientes terminais. E a partir desta consciência criada que os profissionais de saúde deixam de encarar a morte como um fracasso da profissão e passam a percebê-la como algo natural e destinada a todos.

A morte é uma realidade freqüente nos diversos setores da enfermagem. É fundamental que os enfermeiros compreendam a perda e o luto, pois, ao perder um paciente perde-se também um vínculo criado entre profissional-cliente-família, durante o processo de cuidado. Ao se deparar com pacientes sem possibilidades terapêuticas, o enfermeiro lembra-se de sua própria mortalidade e, por esta razão, muitas vezes a enfermagem prefere aliviar os sintomas físicos da doença do que dar apoio emocional e espiritual adequado para esta fase da vida, evitando assim o envolvimento interpessoal com a pessoa que está sofrendo em processo de morrer

Contudo, de todas as separações vivenciadas, a morte continua sendo a mais temida desde a antiguidade, tanto quando se trata de sua morte quanto de alguém querido. É comum a surpresa de a morte ser prematura, inevitável e imprescindível. A dificuldade encontrada em morrer está na renuncia a vida na terra. A morte deveria ser vista como parte da vida, que dá sentido a existência humana, o que de fato não acontece. Por mais que seja abominada, a morte é onde o homem completa seu ciclo vital. “Não existe viagem sem chegada. Não existe caminho sem destino. Não existe vida sem morte. Não se refletindo sobre o mistério da morte, não se reflete sobre o mistério da vida”.

2 comentários:

  1. A morte é um processo natural, porém a violencia não é, por isso talvez a grande dificuldade das pessoas "aceitarem" este processo enquanto parte do ciclo vital. E a violencia não precisa ser de um ser humano para com o outro, pode ser também acidental ou ainda causada por outros fatores como microorganismos e tal (violencia microscópica... eh, deixa pra la) o que torna muito dificil a compreensão do processo, e o torna pesado e carregado. Acho que o ser humano nunca vai conviver bem com isso.

    Parabéns pelo texto, e pelo belo trabalho de lidar com algo tão complicado

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  2. Com certeza, só lembrando q o assunto abordado é a morte no ambiente hospitalar...^^
    A violência não é NADA natural, e é uma vergonha para a humanidade! [/filosofei.....;O]

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